Israel, a nova produção do
Teatro Praga, é antes
de mais uma provocação. Vamos com uma ideia pré-concebida, o título da peça a
isso nos obriga, prontos a discordar e atacar o autor (Pedro Penim) se ele
resolver dizer bem de Israel… Ao chegarmos ao
Teatro Maria Matos somos
recebidos com letras gigantes, iluminadas, na parede envidraçada do teatro, que
formam a palavra Israel (estranhamente, a palavra lê-se da esquerda para a
direita. Erro de produção ou intenção artística?). Tudo indica que vamos
assistir a um hino a um pais que colhe tão poucas simpatias… e somos
desarmados. Israel, de P. Penim, é uma declaração de amor. A um território, a
uma pessoa, pouco importa. É de amor que se fala, de uma relação. Do que
gostamos no outro, do que nos faz sentir bem no outro. E de repente pouco
importa se é para alguém ou para um território que P. Penim fala através da
webcam. Pouco importa se tudo é ficção ou se tudo é real. Uma vez por outra P.
Penim entra no território da disputa “ (…) eu estou a lutar pela ideologia e não
pelos factos (…)” e fá-lo de forma inteligente. Sem comprometer, sem
comprometer-se. Porque não é para tomar uma posição que ele ali está. É sim
para nos dizer que ama. Ama Israel. Com tudo de bom e de mau que o ser amado
tem. E com a inevitabilidade do fim…
Israel, composto por 14 estações, tal como a Via
Dolorosa, é um dos espectáculos mais generosos do Teatro Praga. Teriam sido
dispensáveis alguns faits divers tão
característicos do trabalho do Teatro Praga (ainda que alguns tenham funcionado
bem e acrescentado algo ao espectáculo, como foi o caso da “máquina de fazer
tremer”).
P. Penim (com a colaboração de Catarina Campino)
expõe-se e oferece ao espectador 1h30 de emoção pura. Amar é bom. E não há que
pedir desculpa por se amar assim.
De 0 a 10, é um emotivo 8.
Publicado na
Rua de Baixo.
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