segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Forgive me but I’m in love with you!

Israel, a nova produção do Teatro Praga, é antes de mais uma provocação. Vamos com uma ideia pré-concebida, o título da peça a isso nos obriga, prontos a discordar e atacar o autor (Pedro Penim) se ele resolver dizer bem de Israel… Ao chegarmos ao Teatro Maria Matos somos recebidos com letras gigantes, iluminadas, na parede envidraçada do teatro, que formam a palavra Israel (estranhamente, a palavra lê-se da esquerda para a direita. Erro de produção ou intenção artística?). Tudo indica que vamos assistir a um hino a um pais que colhe tão poucas simpatias… e somos desarmados. Israel, de P. Penim, é uma declaração de amor. A um território, a uma pessoa, pouco importa. É de amor que se fala, de uma relação. Do que gostamos no outro, do que nos faz sentir bem no outro. E de repente pouco importa se é para alguém ou para um território que P. Penim fala através da webcam. Pouco importa se tudo é ficção ou se tudo é real. Uma vez por outra P. Penim entra no território da disputa “ (…) eu estou a lutar pela ideologia e não pelos factos (…)” e fá-lo de forma inteligente. Sem comprometer, sem comprometer-se. Porque não é para tomar uma posição que ele ali está. É sim para nos dizer que ama. Ama Israel. Com tudo de bom e de mau que o ser amado tem. E com a inevitabilidade do fim…

Israel, composto por 14 estações, tal como a Via Dolorosa, é um dos espectáculos mais generosos do Teatro Praga. Teriam sido dispensáveis alguns faits divers tão característicos do trabalho do Teatro Praga (ainda que alguns tenham funcionado bem e acrescentado algo ao espectáculo, como foi o caso da “máquina de fazer tremer”).

P. Penim (com a colaboração de Catarina Campino) expõe-se e oferece ao espectador 1h30 de emoção pura. Amar é bom. E não há que pedir desculpa por se amar assim.

De 0 a 10, é um emotivo 8.
Publicado na Rua de Baixo.

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